quarta-feira, 8 de outubro de 2014

notas sobre ontem, manhã do dia 29 (enquanto as crianças choravam)

Estou sentada no topo de um prédio. No topo! Atrás de mim o céu está azul e lá embaixo aparenta muita calma. Os velhos foram assistir a cremação, a criança diz que ver cremação é "ver gente assar". Um punhado de ovo e farinha preenche a boca, enquanto o alumínio sai puxado entre os dentes. Câmara de eco entre a linha do ser e do ser outro que se rompeu, silêncio! Your daddy's rich. And your ma is so good-looking. Baby, deixa disso!
 
Ibitipoca, Lima Duarte, MG
Foto: Catariza Souza e Silva

 

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O POEMA # 21 (ou a mãe doce)


dizem:
do cabelo da bisavó
pingava mel,

recém pintado de abelhas

mãezinha do céu
falou assim:
daquelas histórias tão açucaradas

na voz calma
vó índia
mãe doce
chamavam

terça-feira, 5 de agosto de 2014

o búlgaro da riachuelo

nossas casas não vieram de além-serra
muito menos a riachuelo -
aqui largo, dentro do
carro, com plástico e
baseado - é a mesma
riachuelo com bares e
vomitado

falar sobre um assunto
só. que seja mais de dois
e escreve um livre.
falo. e também falo
sempre ás vezes, e só.
então, adeus. mas deixa
falar mais uma coisinha:

se o m. m. mendes foi morrer
em lisboa, lá no dia 13:
bumba-meu-poeta
a poesia em pânico
já não está além-pracá


"homem é executado a tiros no largo do riachuelo"

domingo, 8 de junho de 2014

Isso não é o que te define enquanto ser humano

Corria pela Barbosa Lima e passava pela viela, comprando sempre uma cigarrilha na tabacaria. Depois cruzava a Getúlio Vargas e na rua da família real passava em todos os bares; um garçom finge sotaque português e no final da rua dá pra ver o Mascarenhas. Um menino passa e não mente: quer dinheiro pra beber. Na mesa ao lado os três pagam com cartão e eu tenho algumas moedas. Não se pode entrar no bar fumando, mas o atendente faz sinal de positivo. 


Falamos sobre o próximo livro e como tudo vai ficar legal. A gente está no meio da avenida e a noite vira a Independência. 


quarta-feira, 28 de maio de 2014

Candinha

Por do sol em JF visto pela região Sudeste

quem chega por cima vê uma cidade tranquila e o pôr do sol é lindo. por baixo vai mais difícil. mas por cima chega de helicóptero. do alto é mais fácil mirar o fuzil. as crianças se atiçam, mas no morro é normal. entro no busão e cada curva é uma via pra sair dali. ao lado alguém agradece quando vê a cidade lá embaixo e sabe que ali, no centro, tudo vai correr bem. com muita pressa o motorista faz a curva e entra na avenida getúlio vargas e chegamos e entramos em algum bar. parece certo comprar cigarro e fogo. enquanto lá em cima o que queimava não vai mais nos atingir. nada pode ser caro na getúlio.


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Av. Getúlio Vargas

Getúlio Vargas foi um ditador presidente brasileiro, conhecido como "pai dos pobres" e que em 1954 cometeu suicídio, alegando que sairia da vida para entrar na história. Imagino que após isso quase toda cidade tenha uma rua que leve seu nome. Em Juiz de Fora uma das maiores e mais populares avenidas do centro da cidade se chama Getúlio Vargas e é sobre ela que pretendo falar. Lá se pode achar quase tudo, tem hotel, teatro, centro cultural, praça, mercado, padaria, loja de discos, lanchonetes, lojas chinesas, shopping. A rua tem apenas um quilômetro e muitas coisas acessíveis. Por exemplo, alguns dos prédios mais antigos estão lá, como o prédio do DCE, Bernardo Mascarenhas e o Pantaleone Arcuri. A rua se chamava Rua do Imperador, até a proclamação da república. Depois de chamou 15 de Novembro e, posteriormente, como Vargas era habitué da cidade a rua recebeu essa "homenagem".

Av. Getúlio Vargas | 1940